O ESTADO DO MATO GROSSO DO SUL APRESENTA:
SINOPSE
No meio do Pantanal do Sul de Mato Grosso existe uma comunidade isolada. Creuzinha é a única professora. Tião, que além de dono do Armazém, é diretor, técnico e jogador do time de futebol formado somente por peões, o Jacaré. Entre os jogadores há Nino, Luiz, jovens peões. Em meados da década de 70, em plena Ditadura Militar, enquanto fazendeiros estão unindo forças para dividir o Estado do Mato Grosso, a pacata comunidade pantaneira se transformará com a conquista do time a uma vaga para jogar a COFA-BR no Estado de São Paulo. Esse evento acabará mudando a vida de todos.
O PROJETO
A Ditadura Militar no Brasil foi um período marcante na história do país, que se estendeu de 1964 a 1985. A ascensão da ditadura foi resultado de um contexto político complexo, que envolveu tensões entre forças conservadoras e progressistas. A repressão política e a censura à imprensa foram elementos fundamentais do regime, que visava eliminar qualquer oposição, e não poupou a sociedade civil, onde muitos cidadãos comuns foram vítimas da violência estatal. A tortura e a prisão de opositores políticos são marcas indeléveis desse período sombrio. Milhares de pessoas foram perseguidas, torturadas e mortas, enquanto outras se viram forçadas ao exílio para evitar a perseguição.
Entre as muitas minorias afetadas por esse regime autoritário, as pessoas gays enfrentaram desafios únicos e frequentemente invisíveis. A comunidade LGBTQIAPN+ não escapou à vigilância cruel do regime. A homossexualidade era estigmatizada e considerada imoral pelas autoridades militares. Prisões e perseguições de pessoas gays – principalmente da população travesti – eram comuns, muitas vezes disfarçadas como ações de combate à "subversão moral" e "degeneração". Essas pessoas enfrentavam prisões arbitrárias, tortura e humilhações, tendo suas vidas privadas devassadas e expostas publicamente.
A repressão não se limitou apenas ao âmbito das ações diretas contra pessoas gays, mas também se estendeu à censura cultural e à promoção de uma ideologia conservadora. Livros, filmes e peças que abordavam a diversidade sexual eram censurados e proibidos, perpetuando o estigma em relação à homossexualidade e limitando a visibilidade da comunidade LGBTQIAPN+.
O futebol, paixão que permeia a cultura brasileira, esporte mais popular do país, tornou-se um espelho das tensões e contradições do período militar, sendo utilizado tanto como um meio de distração e propaganda quanto como uma ferramenta de resistência. O governo militar reconheceu o poder do esporte como um instrumento de controle social. Os jogos eram frequentemente usados para desviar a atenção da população de questões políticas e sociais críticas. Os sucessos da seleção brasileira, como a vitória na Copa do Mundo de 1970, eram frequentemente explorados como uma forma de promover a imagem do país no exterior e reforçar o nacionalismo.
O regime militar estabeleceu um controle rígido sobre o esporte. O governo interveio nas administrações dos clubes e das entidades esportivas, muitas vezes indicando dirigentes alinhados com o regime. Apesar da manipulação política, o futebol também desempenhou um papel importante na expressão de resistência e protesto. Alguns jogadores, treinadores e torcedores usaram o esporte como uma forma de sutilmente se manifestar contra o regime. Em muitos estádios, faixas e cânticos de protesto eram comuns, demonstrando que, mesmo sob repressão, a paixão pelo futebol e a insatisfação política não podiam ser totalmente separadas.
Historicamente, o futebol tem sido um ambiente tradicionalmente heteronormativo, onde o estigma e a homofobia tornaram difícil para jogadores gays se assumirem. O medo da discriminação e retaliação muitas vezes levou à invisibilidade de atletas LGBTQIAPN+ no esporte. Isso perpetuou um ciclo de silêncio, tornando difícil para os jogadores compartilharem sua orientação sexual abertamente.
O TEXTO
A história tem por base, além do futebol
“Até agora foram jogados sessenta minutos e o Jacaré segue vencendo o Pato Branco por um a zero numa partida eletrizante nesse momento. O Pato Branco quer o empate, precisa do empate para não se complicar na COFA-BR, e vai pra cima do Jacaré... olha o espaço que deixaram pra ele ... olha o espaço que deram para o centroavante do Pato Branco... Donizete chega duro pra marcar, é falta!”... Gritos vindos do rádio.”
o panorama político – como explicitado anteriormente – mais violentos e tenebrosos da história nacional
“Naqueles dias, a polícia estava com os olhos em tudo que acontecia porque haviam setores da comunidade muito descontentes com o governo brasileiro. Um zum zum zum danado sobre cortes, medo dos comunistas e deles transformarem o país em uma nação governada por tiranos, ditadores. Alguns de vocês eram muito crianças para poderem saber disso, mas dois dias depois, aconteceu a primeira Marcha das Famílias com Deus pela Liberdade e ali ficaram mais fortes os indícios de que os militares poderiam tomar o poder, o governo. Fazia dias que corria de esquina em esquina os comentários de pessoas apoiando essa decisão e acreditando numa melhora do país.”
e os contextos que antecederam a divisão do Estado do Mato Grosso do Sul. De forma sutil, dialoga com as lutas de classe dos trabalhadores rurais, os direitos das pessoas LGBTQIAPN+ no esporte, as lidas diárias do campo
“Luiz levava os bezerros para o piquete numa toada sem pressa de chegar. Era meio do dia e o sol escaldante corrompia qualquer ideia de ser alguém ou algo na imensidão do mundo e, apressar o passo para se livrar do calor e do sol forte nada resolveria. Estar ali conduzindo os animais, era mais um ato automático que intencional. Uma rotina que em alguns dias lhe causava cólera e em outros completude. Tudo dependia de como a natureza de ser homem o fazia acordar. E lá ia o animal conduzindo outros animais durante toda uma vida. E esses animais eram de tamanha valia para outro animal que os possuía e para quem os cuidava. É certo que os homens nunca entenderão a complexa existência daqueles que eles julgam e subjugam como meros alimentos e objetos de servidão.”
em um cenário paradisíaco,
“Já se chegava à boca da noite e no céu o sol caía levemente e cheio de dengo, como uma criança sonolenta a passos tortos rumo ao colo da mãe, em busca de descanso. O colorido alucinante e bruxuleante do céu, entorpecia qualquer peão por mais velho que fosse. Havia no ar uma aura homogênea de encanto, pureza e paz. As poucas ou quase nenhuma nuvem se perdia no fim do céu, onde a lua nascia com sutileza e candura. Naquela hora, a perdiz cantava no meio do campo e as seriemas subiam nos mourões das porteiras e nos postes das cercas para cantar em conjunto com a perdiz. O rio que passava por ali, mais seco que antes, acolhia em seu leito uma jiboia e mais distante, uma sucuri. A sucuri rastejou para dentro do rio silenciosamente. A jiboia permaneceu. Quem tudo viu foi um Socó do alto de uma árvore.”
e místico, “... no meio da noite, naquela encruzilhada que cortava o Pantanal aos quatro cantos daquele imenso mundo, uma Avalon com tantos encantos quanto a Avalon de Morgana. E, se enamoraram à luz das estrelas”, que é o Pantanal.
A capa
Em breve.
O artista
Ricardo Caldeira é artista visual residente em São Sebastião-DF. A partir de sua formação em Teoria, Crítica e História da Arte (UnB) e experiências vivenciais, suas obras abordam a interação da gestualidade, movimento e imagem, inclusive em apresentações de desenho ao vivo. Desenvolve projetos em voltados a valorização da arte negra, sexualmente diversa e periférica. É integrante os coletivos Afrobixas, Movimento Cultural Supernova e ateliê itinerante título provisório_.
Sua produção, pensamento e processo criativo estão presentes em seu livro autoral "Vendaval" e nos documentários “Favela Gay – Periferias LGBTQIA+” ( 5º episódio da série), disponível no Globo Play, e no minidoc “Continuum”, nos quais é protagonista.
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