“Uma grande virtude desta obra, sem dúvida, é ter escapado aos rótulos de mercado que hoje tanto assediam o campo literário.”

Volmir Cardoso
Doutor em Letras
Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul


"Uma estória que mostra nos leva a prestar mais atenção naqueles que amamos e jamais deixar pra depois os sentimentos."

Ana Ostapenco
Jornalista


"Há muito da saudade, mas há muito da vontade de ir e não sentir nada."

O livreiro


SINOPSE


Tomás é um jovem campo-grandense negro, pobre tendo que lidar com o trauma da morte do pai. Ao mesmo tempo, tenta conciliar trabalho e estudo para ajudar a mãe com as necessidades básicas da casa.

A ideação suicida, a descoberta da sexualidade, as amizades, a revolta contra a opressão do sistema comerciário e as vivências dolorosa do luto, são temas que tocam a todos nós, mas em Uma colcha de retalhos, ela disse, são colocados em um diapasão bastante atenta ao que se passa, no imaginário da juventude contemporâneo e que estão presentes nesse romance de formação do autor Jander Gomez.

O Diretor-Presidente da Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul (FCMS), no uso de suas atribuições legais, conforme o Cronograma de Datas dos Procedimentos de Seleção do Edital nº 002/2022 - FIC/MS, publicado no Diário Oficial Eletrônico n. 11.192, de 23 de junho de 2023, faz publicar a relação dos PROJETOS APROVADOS e SUPLENTES.

N° 002/2022 – FCMS - Pag. 5

O projeto

“Uma colcha de retalho, ela disse” é um livro com uma narrativa ficcional poderosa que retrata a vida do corumbaense Tomás, personagem principal da obra, residente em Campo Grande. A produção de 1.000 (Hum mil) exemplares da obra “Uma colcha de retalhos, ela disse”, (formato 14x21cm, papel Pólen Soft 80gm2, capa papel cartão 250gm2) sua produção e todo o processo, editoração (revisão ortográfica, diagramação, criação de capa e registros técnicos), impressão e publicação do romance foram incentivadas por meio do Fundo de Investimentos Culturais, do Mato Grosso do Sul, via edital, em 2022/2023.

a) Cem (100) unidades serão doadas para a Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul como contrapartida de 10% do projeto.

b) Dez (10) exemplares serão destinados para a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul e seus respectivos polos.

c) Dez (10) exemplares serão destinados para a Universidade Federal do Mato Grosso do Sul.

d) Dez (10) exemplares serão destinados para a Casa Satine.

e) Cinquenta e quatro (54) exemplares serão enviados para os órgãos de cultura de cada Estado da federação e Distrito Federal.

f) Cento e cinquenta e oito (158) exemplares serão destinados para as prefeituras de todos os municípios de Mato Grosso do Sul e seus respectivos órgãos de cultura, bibliotecas públicas, casas de cultura e afins.

g) Vinte e oito (28) exemplares serão destinados ao Núcleo de livro e leitura da Fundação de Cultura do Mato Grosso do Sul para serem utilizados no projeto ProLer 2023.

h) Trinta (30) exemplares ficarão à disposição do autor.

i) Seiscentos (600) exemplares serão distribuídos ao público, revistas, sites e blogs, sendo Trezentos (300) para Mato Grosso do Sul e trezentos (300) para o restante do país. 

A editora

A Life Editora é uma empresa registrada sob o CNPJ 10.355.369/0001-70. A Life Editora, como editora prestadora de serviços tem um trabalho mais personalizado, está mais atenta ao seu cliente e às suas ideias quanto à confecção da obra. Os prazos também são determinados pelo cliente, assim como o conteúdo do livro, por exemplo: fotos, ilustrações, se tudo será colorido ou em preto e branco. A única limitação, à realização do trabalho são as suas possibilidades de pagamento e nunca a falta de disposição e de tempo do seu editor.

Outra vantagem é que, se o cliente tem um trabalho importante, uma tese, por exemplo, que poderá contribuir para outras pesquisas e para o seu próprio currículo profissional mas que não parece viável economicamente para as editoras comerciais, quando esse trabalho é bem-feito, o autor poderá ter seus créditos concedidos à publicação científica, além do prestígio que isso lhe dará. Este é um item em que temos trabalhado constantemente.

Uma das principais vantagens que a Life Editora oferece é que você acompanha todo o projeto de confecção do seu livro, desde a revisão, layout das páginas, escolha das fontes (letras), elaboração da capa, ou seja, nada será impresso sem que você dê a palavra final. Além da distribuição nas principais livrarias e sites especializados. Isso nos tem proporcionado um índice de 100% de satisfação entre os nossos clientes.


Para mais informações, entre em contato: valter@lifeeditora.com.br

A capa

A capa escolhida para apresentação do livro, Uma colcha de retalhos, ela disse é composição do artista plástico Fabrício.

Nas palavras do artistas, "a composição da capa baseou-se Na leitura do livro juntamente com uma simbiose entre mim e o autor, com discussões sobre o tema, sobre como a ilustração vai chamar a atenção do leitor para adentrar à estória de Tomás e seu mundo".

Instagram do artista plástico 

O texto

Parte Um

Meu pai levou um tiro na frente de casa. Minha mãe e eu assistimos atônitos. Há noites que sonho com ele ajoelhado na frente do cano de um revólver prata, suplicando pela vida, en- quanto o dedo do seu algoz vai flexionando lentamente o gatilho. Ouço o click do tambor e o estampido do tiro. Vejo a cabeça de meu pai sendo jogada para trás com o impacto da bala e seu corpo desfalecer no chão batido. O sangue por todos os cantos. Pedaços do meu pai. Do que era meu pai. Eu era pequeno e durante alguns anos, nenhum som saiu de minha boca. Sim, eu sabia falar antes de tudo ter acontecido, mas “o choque foi grande”, diziam. Isso, afetou meu desempenho em quase tudo. Na escola, me sentava no fundo da sala e tinha uma monitora que me acompanhava diariamente nas tarefas escolares. Não conseguia interagir com as pessoas. Não porque não quisesse, mas havia uma trava em mim que me bloqueava em tudo. Minha recuperação foi um processo lento que levou anos. Não só por causa do meu desempenho pífio em tentar superar, mas também devido ao meio que eu estava inserido.

...

Lembro que estávamos em casa numa noite vendo televisão quando um grupo de quatro homens armados com revólveres e pistolas entraram quebrando tudo e arrebentaram meu pai na pancada, enquanto acuavam minha mãe e eu no canto da sala, para que assistíssemos a barbárie. Nesse sentido, esse tipo de violência não os assustava tanto, uma vez que volta e meia onde moravam – conta minha mãe – grupos de pistoleiros invadiam casas para ameaçar e coagir gente como nós.

Naquela noite, deram a ele três dias para que pagasse o que lhes era devido. Três dias para pagar uma conta monstruosa que, na condição que vivíamos, ele nunca pagaria. Foram os piores três dias das nossas vidas. Durante o dia, minha mãe chorava pelos cantos. Meu pai só vinha em casa para trocar de roupa e depois sumia de novo. À noite, batiam em nossa porta só para dizer “faltam dois dias”, “falta um dia”, “já tá com o dinheiro?” Foi um inferno que culminou na noite do terceiro dia, quando retornaram e deram um tiro no meu velho.

...


— Benção, mãe!

Zagueira e The monio se achegaram ao ouvir minha voz. A cadela estava rechonchuda. Quando vinha para o meu lado, correndo com aquele olho branco, cego, língua de fora e rabo abanando, era muito engraçado de se ver. Já The monio era The monio, só vinha, olhava o que estava se passando e sumia de novo.

— Oxalá te abençoe. Chegou mais cedo hoje, de novo!

— É, não tive algumas aulas.

— E tá indo para escola para quê? Só para sujar roupa e fingir que estuda?

— Não é escola, mãe. É faculdade!

— E você não tá indo estudar?

— Tô!

— Então é escola. Retruca.

— Dois professores estão de licença!

— Doença?

— Creio que sim.

— Tomara que sarem logo.

— Vou comer e descansar um pouco. Amanhã tenho que trabalhar!

Ela só resmungou. Mamãe tem essa mania de resmungar igual velho. Deus me livre. E quando fala...

— Eu vou matar seu gato. Ameaça. Paro encarando-a.

— Por que?

— Essa peste bubônica cagou na sua cama de novo!

— Porra! De novo?!

— Na próxima ele não escapa!

— Você já tá avisado!