[...] só quem faz poesia
dá voz a sua loucura,
salva um coração mudo,
abriga uma alma decaída
e grita.
O bicho que me falta
Ed.Penalux, 2022
LITERATURA
RE+começar
Com uma narrativa fluente e singela e um enredo explicitando descobertas intrínsecas, dotando as descrições com um arrebatador sentimento de libertação no transcender de ditames morais e comportamentais, Jander Gomez conduz assim seu romance contemporâneo RE+começar obra imaginativa e convergida a estabelecer um contato efetivo com um público jovem, com versatilidade e sentimentalismo no rebuscar duma identidade autêntica, por vezes recôndita pelos embates de gênero, para além das definições e preceitos simplórios que visam estabelecer uma fronteiriça objetividade incontestável, quando é vilipendiada uma subjetividade imanente na homoafetividade, elemento ressaltado entre outros dilemas pelo autor, contudo sendo uma história de amor não limitada a se comunicar com um público especificado, e nisto reside um mérito notável.
Ponto cego
Essa é a história de João Augusto dos Anjos, artista plástico de trinta e alguns anos que, assim como muitos outros artistas, tem sua vida conturbada, sobretudo por problemas financeiros, afetivos e por envolvimento com drogas. João é viciado e busca a todo tempo se desprender de sua realidade. O personagem é um ponto cego entre a vida e a morte, um turbilhão de pessoas morando dentro de um homem só. João carrega a dor em seu olhar; punhos cerrados nos bolsos e revela segredos nos sorrisos.
Um homem a se temer? Um homem para se amar? Ele pede: desnuda-me dos pés ao último fio do meu cabelo… se por bem ou por mal, por
vida ou por morte, quem sabe essa sorte seja sonho, apenas?
O bicho que me falta
“O bicho que me falta”, de Jander Gomez, é o encontro entre o urbano e o rural num conflito de emoções. A coletânea de poesias que busca rememorar e curar, fazer renascer aquilo que um dia foi frágil e cansado, transformar e buscar nas raízes o que há de mais forte e até animalesco. “O bicho que me falta” é o caminho e o resultado dessa nova vida, desse novo ser que, depois da depressão e da solidão, renasce de suas próprias cinzas. É a própria Fênix.
Rogério Bernardes - poeta brasiliense.
Uma colcha de retalhos, ela disse
Tomás é um jovem campo-grandense negro, pobre tendo que lidar com o trauma da morte do pai. Ao mesmo tempo, tenta conciliar trabalho e estudo para ajudar a mãe com as necessidades básicas da casa.
A ideação suicida, a descoberta da sexualidade, as amizades, a revolta contra a opressão do sistema comerciário e as vivências dolorosa do luto, são temas que tocam a todos nós, mas em Uma colcha de retalhos, ela disse, são colocados em um diapasão bastante atenta ao que se passa, no imaginário da juventude contemporâneo e que estão presentes nesse romance de formação do autor Jander Gomez.